sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ESCRITOR CONTRA-NATURA

Não se nasce escritor ou repórter da vida, como se quiser, mas aprende-se e apreende-se. Ser escritor, ou tornar-se ou tornear-se nessa espécie, não é um privilégio, pode ser um dom - mas nunca uma dádiva divina...só se atendermos a algum tipo de preocupação social, melhor, com o mais próximo, o indíviduo e a sua tragédia pessoal, esquecendo-nos da nossa porventura...desventura. Dou um exemplo, um episódio breve, de como uma dita pessoa normal não iria perder tempo em escrever sobre o outro: um desempregado, chega ao balcão do café e diz ao dono :arranje-me qualquer coisa para fazer...eu faço tudo. Era um homem, que pelos seus modos rudes não iria provocar a minha simpatia, mas o seu gesto, a sua atitude de desespero, despertou os meus sentidos mais profundos. Por muito que nos fechemos sob nós próprios, importa estar atento aos outros - é essa a nossa condição humana. Por vezes, o nosso egoísmo tira férias e a emoção trai-nos.
ESCRITOR CONTRA-NATURA

Não se nasce escritor ou repórter da vida, como se quiser, mas aprende-se e apreende-se. Ser escritor, ou tornar-se ou tornear-se nessa espécie, não é um privilégio, pode ser um dom - mas nunca uma dádiva divina...só se atendermos a algum tipo de preocupação social, melhor, com o mais próximo, o indíviduo e a sua tragédia pessoal, esquecendo-nos da nossa porventura...desventura. Dou um exemplo, um episódio breve, de como uma dita pessoa normal não iria perder tempo em escrever sobre o outro: um desempregado, chega ao balcão do café e diz ao dono :arranje-me qualquer coisa para fazer...eu faço tudo. Era um homem, que pelos seus modos rudes não iria provocar a minha simpatia, mas o seu gesto, a sua atitude de desespero, despertou os meus sentidos mais profundos. Por muito que nos fechemos sob nós próprios, importa estar atento aos outros - é essa a nossa condição humana. Por vezes, o nosso egoísmo tira férias e a emoção trai-nos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CONTRaROTINA

Afinal o real fale e o sonho persiste: não os modelos ideológicos estereotipados, constipados de racionalismo, estéreis por natureza, nada étereos. Mas a capacidade inata ao macaco sonhador e engenhoso que somos. Não nos contentamos, ou alguns ou muitos não se contentam em ser "contadores", deste deve-haver de vida absurdo.
Escrever sob e sobre a vida, conjecturar para mudar conjunturas para ser-estar cada vez mais vivos. Resta-nos a insubmissão dos desesperados perante a ditadura da realidade e este Estado de Direito em muito mau estado. Fica apenas a consolação éfemera que no século passado estávamos pior. Abençoados os que criam Futuro na rejeição incómoda do Presente altamente desinteressante. E como país...não nos contentemos em ficar pela Liga Europa. Haja ânimo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

MEDO DA CRISE


Medo, é o que noto quando ando no meu sobretudo de espião de emoções. Todos ou quase todos, menos os loucos e os desesperados, temos muito medo de dar um passo em frente. Aparentemente estamos agarrados que nem drogados, ao nosso empregozito, ao subsidiozito, ao abonozito e à grande vida que levamos de casa-trabalho-centro comercial, além da sportv.
Hoje é dia de Cantona marcar um canto contra os bancos...bem e depois? que seria o day-after sem multibancos? Precisam-se propostas para mudar o mundo e acabar com este absurdo de viver sem ideais...nem ideias.
Por enquanto, afogo as minhas mágoas numa mulher bonita que me faz viver e me chama louco a sorrir.
CRISE

crise na bolsa de valores ou será dos valores?

quanto vale um homem? nos seus bolsos vazios de esperança, mete as mãos nuns jeans rôtos, e uns cêntimos sujos nunca lhe darão para tomar sequer um irish coffee...mas toma-lhe o amargo nas streets debilitadas de Dublin, na ira de Irlandas desbotadas dos seus prados verdes. Já um poeta tropical disse que as mulheres ficam mais belas quando chorosas, também nas portas a bater solitárias das fábricas abandonadas, na ferrugem dos cadeados sem mãos, no chão de cimento furam ervas daninhas anunciando novos poemas de protesto e redenção.
Como um amor que se vela antes de se tapar seu rosto, cometa-se a façanha: faça-se da crise uma despedida, um adeus sem saudades dum sistema que atenta contra os mais elementares direitos da Humanidade. Depois do avc soviético, dever-se-á declarar o óbito capitalista e a consequente submissão do capital à sua condição inicial: mero instrumento de trocas.
Claro faltam alternativas, modelos socio-politicos e novas filosofias de vida...e se em vez de construir modelos cerebrais, déssemos aso a improvisar a felicidade? se é pobre em si a dicotomia ricos versus pobres, de facto devíamos repensar a legitimidade da riqueza de alguns, pessoas, países e empresas face à penúria de muitos milhões. Realização, mérito, inventiva e trabalho deveriam ser os valores e ter a sua devida recompensa e o seus concomitantes inimigos são a especulação, a mediocridade, a esperteza, a burocracia e o legalismo, entre outros.
Além deste discurso racional, que não é o que mais aprecio, subsiste a esperança em cada erva daninha que fura o betão molhado deste inverno do nosso descontentamento e anuncia que a primavera é possível.

Voltar a escrever. porquê? responda quem souber.