segunda-feira, 14 de junho de 2010

Não tenho paciência para diários e memórias
mas tive um fim-de-semana memorável em Tânger
repleto de raparigas ardentes e bonitas

quem diria que o paraíso seria tão próximo?
hoje apetece-me morrer de amor por ti
e nada mais dizer
porque tudo o que disser
soa-me a cada-falso

segunda-feira, 7 de junho de 2010

esperei por ela toda a noite
e claro não veio
mas na claridade da madrugada
vislumbrei outra aurora
onde inesperada aparecera magnífica
na maré-cheia inicial desse amor
agora tudo se dissipara no horizonte da memória
e eu limitava-me a marcar a sua falta
num ponto final.
Posso deixar-te nua no sofá despida de amor
e pôr-me a compor um tango antigo e fora-de-moda
eu sou assim Evita
um fato amarrotado pelas unhas da tua revolta
um cabrão que te fode e deixa
um macho latrino e acabrunhado
perante esse pecado maldito e tremendo
de nos amarmos demais
nas noites demoníacas que rasgamos corações
e até deus foge de pavor
desse fogo-fátuo
que pensa ser só sexo
na sua omnisciência
e é todo amor.
não poemo
não quero poemar
não brinco com as palavras
não quero brincar

mas há palavras armadas em senhoras muito sérias
e outras muito senhoras do seu nariz
e ainda muitas outras muito senhoras finas de mau porte

e há que desmascará-las
violá-las por amor à arte
na violência da vida
no seu deboche de mau-gosto
e da língua demasiado comprida de muitos
nesta casa de putas deprimentes
sans glamour sans amour

declamar amor
e deixar o meu telemóvel esquecido no teu travesseiro

domingo, 6 de junho de 2010

Apartado da vida com vista-mar e ninfa para amar


Uma gaja para amar - hoje bateu-me esta frase ao sabor da ondas de algas magrebinas que morrem nesta baía de suicidas adiados sine die. Não sou desses de lamúrias caniches por senhoras predadoras de sexo, fortunas e famas várias, nem por damas de camélias, belas, insensíveis e inatingíveis ou intangíveis.
Deixe-mo-nos de tretas: desejo uma gaja para amar. E que é isso? alguém disponível para um autêntico curso de guerrilha, tipo dormir ao relento em montes de ninguém ou sorver rios até à nascente. Agora vou ver tv, logo continuo a moldar uma das peças do puzzle desta vida, aliás sem jeito. Não se pode viver sempre a deglutir saliva incessantemente.

sábado, 5 de junho de 2010

O comboio da vida já partiu, agora só tem passado, disse-me o funcionário da Companhia Férrea de Jesus. Eu, encolhi os ombros e aceitei uma passagem por essa via e por toda a vida - vitalícia: haveria até aos meus últimos dias de andar em vagões de mercadorias, recolhendo provas da existência de mim e dos outros, que é a mesma coisa, somos a mesma espécie aparentemente. Bem talvez eu fosse um macaco com mais azia da realidade, e mais sede de preencher formulários sem utilidade nenhuma de vazios vários. De facto, estranhava muito a dita realidade, as suas certezas, os seus hábitos - até os seus prédios colossais, sobretudo quando habitados de seres sem alma, autênticos ratos domésticos, previsíveis e satisfeitos na sua aparência vulgar. Parece até que era, na sua transladação para gavetas e acampados em campas, que finalmente ganhavam um pouco de alma. Nasceram para morrer e ganhavam a vida para perdê-la por uns trocos - nem suspeitavam que haveria mais mar além do cabo das tormentas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

PRECISA-SE PRIMEIRO QUE ENDIREITE NAVE PORTUGAL SEM DESANDAR PRÁ DIREITA