quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

AÇÃO CIDADÃO

(parece que pela nova ortografia cai um c...mas não o de cidadão) Bem explique-mo-nos: por info-deficiência, irei utilizar este blog, para o debate de ideias, nomeadamente políticas, sob o lema NOVAS POLÍTICAS/ NOVOS POLÍTICOS. Espero o vosso contributo. E já agora, estou disponível para promover um ENCONTRO DE CIDADÃOS, de preferência clandestino.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ESCRITOR CONTRA-NATURA

Não se nasce escritor ou repórter da vida, como se quiser, mas aprende-se e apreende-se. Ser escritor, ou tornar-se ou tornear-se nessa espécie, não é um privilégio, pode ser um dom - mas nunca uma dádiva divina...só se atendermos a algum tipo de preocupação social, melhor, com o mais próximo, o indíviduo e a sua tragédia pessoal, esquecendo-nos da nossa porventura...desventura. Dou um exemplo, um episódio breve, de como uma dita pessoa normal não iria perder tempo em escrever sobre o outro: um desempregado, chega ao balcão do café e diz ao dono :arranje-me qualquer coisa para fazer...eu faço tudo. Era um homem, que pelos seus modos rudes não iria provocar a minha simpatia, mas o seu gesto, a sua atitude de desespero, despertou os meus sentidos mais profundos. Por muito que nos fechemos sob nós próprios, importa estar atento aos outros - é essa a nossa condição humana. Por vezes, o nosso egoísmo tira férias e a emoção trai-nos.
ESCRITOR CONTRA-NATURA

Não se nasce escritor ou repórter da vida, como se quiser, mas aprende-se e apreende-se. Ser escritor, ou tornar-se ou tornear-se nessa espécie, não é um privilégio, pode ser um dom - mas nunca uma dádiva divina...só se atendermos a algum tipo de preocupação social, melhor, com o mais próximo, o indíviduo e a sua tragédia pessoal, esquecendo-nos da nossa porventura...desventura. Dou um exemplo, um episódio breve, de como uma dita pessoa normal não iria perder tempo em escrever sobre o outro: um desempregado, chega ao balcão do café e diz ao dono :arranje-me qualquer coisa para fazer...eu faço tudo. Era um homem, que pelos seus modos rudes não iria provocar a minha simpatia, mas o seu gesto, a sua atitude de desespero, despertou os meus sentidos mais profundos. Por muito que nos fechemos sob nós próprios, importa estar atento aos outros - é essa a nossa condição humana. Por vezes, o nosso egoísmo tira férias e a emoção trai-nos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CONTRaROTINA

Afinal o real fale e o sonho persiste: não os modelos ideológicos estereotipados, constipados de racionalismo, estéreis por natureza, nada étereos. Mas a capacidade inata ao macaco sonhador e engenhoso que somos. Não nos contentamos, ou alguns ou muitos não se contentam em ser "contadores", deste deve-haver de vida absurdo.
Escrever sob e sobre a vida, conjecturar para mudar conjunturas para ser-estar cada vez mais vivos. Resta-nos a insubmissão dos desesperados perante a ditadura da realidade e este Estado de Direito em muito mau estado. Fica apenas a consolação éfemera que no século passado estávamos pior. Abençoados os que criam Futuro na rejeição incómoda do Presente altamente desinteressante. E como país...não nos contentemos em ficar pela Liga Europa. Haja ânimo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

MEDO DA CRISE


Medo, é o que noto quando ando no meu sobretudo de espião de emoções. Todos ou quase todos, menos os loucos e os desesperados, temos muito medo de dar um passo em frente. Aparentemente estamos agarrados que nem drogados, ao nosso empregozito, ao subsidiozito, ao abonozito e à grande vida que levamos de casa-trabalho-centro comercial, além da sportv.
Hoje é dia de Cantona marcar um canto contra os bancos...bem e depois? que seria o day-after sem multibancos? Precisam-se propostas para mudar o mundo e acabar com este absurdo de viver sem ideais...nem ideias.
Por enquanto, afogo as minhas mágoas numa mulher bonita que me faz viver e me chama louco a sorrir.
CRISE

crise na bolsa de valores ou será dos valores?

quanto vale um homem? nos seus bolsos vazios de esperança, mete as mãos nuns jeans rôtos, e uns cêntimos sujos nunca lhe darão para tomar sequer um irish coffee...mas toma-lhe o amargo nas streets debilitadas de Dublin, na ira de Irlandas desbotadas dos seus prados verdes. Já um poeta tropical disse que as mulheres ficam mais belas quando chorosas, também nas portas a bater solitárias das fábricas abandonadas, na ferrugem dos cadeados sem mãos, no chão de cimento furam ervas daninhas anunciando novos poemas de protesto e redenção.
Como um amor que se vela antes de se tapar seu rosto, cometa-se a façanha: faça-se da crise uma despedida, um adeus sem saudades dum sistema que atenta contra os mais elementares direitos da Humanidade. Depois do avc soviético, dever-se-á declarar o óbito capitalista e a consequente submissão do capital à sua condição inicial: mero instrumento de trocas.
Claro faltam alternativas, modelos socio-politicos e novas filosofias de vida...e se em vez de construir modelos cerebrais, déssemos aso a improvisar a felicidade? se é pobre em si a dicotomia ricos versus pobres, de facto devíamos repensar a legitimidade da riqueza de alguns, pessoas, países e empresas face à penúria de muitos milhões. Realização, mérito, inventiva e trabalho deveriam ser os valores e ter a sua devida recompensa e o seus concomitantes inimigos são a especulação, a mediocridade, a esperteza, a burocracia e o legalismo, entre outros.
Além deste discurso racional, que não é o que mais aprecio, subsiste a esperança em cada erva daninha que fura o betão molhado deste inverno do nosso descontentamento e anuncia que a primavera é possível.

Voltar a escrever. porquê? responda quem souber.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Vida,
que coisa mais esquisita
a norma no universo é não ser
porque haveríamos de ser a excepção?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nota: como sempre a minha escrita é caótica, inclassificável, incorrigível. E pior é que estou-me nas tintas para ordená-la no ordinateur - é computa por natureza.
PROMESSA AMAR

tenho um amor incontido por ti
e não te posso tocar
uma chama secreta
um sonho íntimo

queria tanto contar os teus cabelos
nas noites de insónia sem ondas nem luar
venerar-te naquela capela visigótica
que dizem ser da Senhora da Rocha
proa calcária e vela sobre o mar

um dia ao entardecer
no túmulo dos nossos desejos
hei-de pegar-te pela mão
e casar este corpo católico cristão
com o teu muçulmano
no desespero amável dos deuses.
aguardo noite fora
que me digas alguma coisa
alguma coisa de insensato
para eu fazer alguma coisa por ti
como abrir a minha combinação
sem estar nada combinado
ao acto adiado tanto tempo
na censura moral desse título de propriedade
que se titula casamento
e proíbe todo e qualquer adereço
a mínima lingerie
a uma mulher dita decente

mas hoje eu vou ser a puta mais reles de deus
vou esfregar-me no teu pénis preto
deixá-lo entrar em todos os meus templos proibidos
escancarar todas as minhas portas fechadas
ganir como cadela ciosa de cio
morder teu pescoço leonina
verter meu fel
minha raiva uterina
no derrame cerebral do teu leite

porque hoje vou ser
duma vez por todas
MULHER

e deixar na esquina a puta biodegradável que fui.
beijar-te e morrer
e dizer-te
que o teu amor
foi o melhor
que me aconteceu

eu que viera do lixo
do bafo alcoólico de minha mãe
filho da rua, da cola e de ninguém

eu que não brinquei
mas vi outros brincarem
e fugia deles como um rato

eu que não tinha roupa decente
para ir à escola
como toda a gente

beijar-te e morrer agora
dum tiro policial e certeiro
foi o melhor que me aconteceu
em toda a minha vida de prisioneiro
nas avenidas onde se vende sexo
e o amor fica guardado para quem não tem dinheiro
perco todos os navios
e sou perito em nostalgias de fibra
deixo enferrujar todos os bídons vazios
e só ando em ruas sem ninguém
abraço estátuas desgostosas e solitárias
e dou grandes passeios aos domingos
pondo flores nas campas mais abandonadas

não tenho idoneidade sequer para testemunhar que vivo
até acredito piamente que não existo
mas pelo andar tão palhaço solitário e triste
há-de pelo menos ficar na pintura do meu velho carro para abate
um verso feito risco
à Paula Raposo

excepcionalmente, porquanto não é aqui saleta para agradecimentos, o envio do seu livro que logo li e tardiamente agora agradeço pública e sentidamente
ainda guardo o lenço de sangue virgem de ti:
hei-de levá-lo no vento do meu último sôpro sobre a terra;
e ninguém naquele cemitério de gente indiferente,
saberá quanto se pode amar tanto a ausência
e passar melhor na passadeira do passado,
que na sombra em fuga do presente.